sábado, 15 de junho de 2013



Faça a leitura dos poemas abaixo, os quais têm como tema etapas importantes da vida. A partir disso, produza um poema abordando um dos temas: infância.  adolescência, maturidade ou falando em sentido geral das fases da vida.   

MEUS OITO ANOS - Casimiro de Abreu

 

Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias

Do despontar da existência!

— Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;

O mar é — lago sereno,

O céu — um manto azulado,

O mundo — um sonho dourado,

A vida — um hino d'amor!

Que aurora, que sol, que vida,

Que noites de melodia

Naquela doce alegria,

Naquele ingênuo folgar!

O céu bordado d'estrelas,

A terra de aromas cheia

As ondas beijando a areia

E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!

Oh! meu céu de primavera!

Que doce a vida não era

Nessa risonha manhã!

Em vez das mágoas de agora,

Eu tinha nessas delícias

De minha mãe as carícias

E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,

Da camisa aberta o peito,

— Pés descalços, braços nus

— Correndo pelas campinas

A roda das cachoeiras,

Atrás das asas ligeiras

Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos

Ia colher as pitangas,

Trepava a tirar as mangas,

Brincava à beira do mar;

Rezava às Ave-Marias,

Achava o céu sempre lindo.

Adormecia sorrindo

E despertava a cantar!

 

Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

— Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras

Debaixo dos laranjais!

 

 

 

Adolescer é preciso


Somos muitos adolescentes,
Diferentes na idade que se esquece;
Na vontade de viver intensamente
Cada momento que aparece
A vida é intensa e exigente
Mas barreira alguma é incoveniente
No caminho de um adolescente.

Somos muitos adolescentes
Diferentes em cada ambiente
E na permanente convicção
De que a vida nem sempre é razão
Adolescente não tem definição:
Às vezes é sentimental, profundo
Às vezes tem consciência do mundo.


de Gabriel Egidio do Carmo
http://www.pucrs.br/mj/poema-juventude-16.php


Necessidades

Preciso muito de uma amiga
ou amigo
pra se sentar comigo na praça,
pra descobrirmos coisas no céu:
uma estrela se deslocando,a lua brincando de
esconder,
as nuvens formando desenhos
e muitos objetos não identificados

Preciso muito de uma amiga
ou amigo
pra sair comigo descobrindo
o mundo
com suas tristezas e alegrias.
Alguém que escute os meus segredos
saindo de mim feito uma enxurrada.
Alguém que saiba dos meus medos,
que ria muito com meus risos
que fale abobrinhas ou coisas sérias
e que, às vezes, respeite
o meu silêncio de peixe.


(Elias José.Amor adolescente
São Paulo:Atual,1999.p.19)

 

Retrato

"
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"


 

Atividade de Leitura e Produção textual- 3º Ano - Noturno

Faça a leitura dos poemas que seguem, os quais apresentam como tema dinheiro, valor, poder de compra, consumo.  A partir disso, produza um poema abordando salário, preços, consumismo.  

Não há vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira


 

Poema do Consumismo

Extra! Extra!
Acaba de ser lançado no mercado
Mais um produto que já possuímos
E que também ficará em um canto encalhado

Na propaganda televisiva
Tão enganosa e indecente
Coexiste a verdade e a mentira
Confundindo o consumidor facilmente

E no alto uma placa convida
A mais uma compra compulsiva
De um objeto tão atraente que nos leva
A uma economia autodestrutiva

E nas prateleiras chamativas
Abarrotadas de novidades
Um eletrônico altamente sofisticado
Para o público da Feliz Idade

De aparência encantadora
Beirando o angelical
Hipnotiza e enfeitiça
A fim de dar o golpe final

São tantas opções
Com as mais surpreendentes variedades
Executam mil e uma ações
Mas não servem para sua real utilidade

As pessoas suspiram, choram, gritam
Para ter o mais novo dos antigos
É a atualização do que já existe
Indicado por todos os seus amigos

Todo mundo tem
Todo mundo quer ter
Nem todo mundo pode pagar
Mas, enfim, não custa nada querer

E no lançamento do produto
Uma multidão desesperada
Amontoam-se e, ansiosos, esperam
Para a compra tão aguardada

Pague o preço que for
Parcele o quanto precisar
Mas não renegociarão a dívida
Se, por algum acaso, não puder pagar

Criam tanta expectativa
Fazem tanto suspense
Mas, ao comprar, o desapontamento
O produto vence, mas não convence

Mayara Cabral (http://www.nofiodapalavra.com.br)