Atividade de Leitura e Produção textual- 3º Ano -
Noturno
Faça a leitura dos poemas que
seguem, os quais apresentam como tema dinheiro, valor, poder de compra, consumo. A partir disso, produza um poema abordando salário,
preços, consumismo.
Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
não fede
nem cheira
( Ferreira
Gullar )
Poema do Consumismo
Extra! Extra!
Acaba de ser lançado no mercado
Mais um produto que já possuímos
E que também ficará em um canto encalhado
Na propaganda televisiva
Tão enganosa e indecente
Coexiste a verdade e a mentira
Confundindo o consumidor facilmente
E no alto uma placa convida
A mais uma compra compulsiva
De um objeto tão atraente que nos leva
A uma economia autodestrutiva
E nas prateleiras chamativas
Abarrotadas de novidades
Um eletrônico altamente sofisticado
Para o público da Feliz Idade
De aparência encantadora
Beirando o angelical
Hipnotiza e enfeitiça
A fim de dar o golpe final
São tantas opções
Com as mais surpreendentes variedades
Executam mil e uma ações
Mas não servem para sua real utilidade
As pessoas suspiram, choram, gritam
Para ter o mais novo dos antigos
É a atualização do que já existe
Indicado por todos os seus amigos
Todo mundo tem
Todo mundo quer ter
Nem todo mundo pode pagar
Mas, enfim, não custa nada querer
E no lançamento do produto
Uma multidão desesperada
Amontoam-se e, ansiosos, esperam
Para a compra tão aguardada
Pague o preço que for
Parcele o quanto precisar
Mas não renegociarão a dívida
Se, por algum acaso, não puder pagar
Criam tanta expectativa
Fazem tanto suspense
Mas, ao comprar, o desapontamento
O produto vence, mas não convence
Mayara Cabral (http://www.nofiodapalavra.com.br)